Quebram-se os mastros dos navios,
Rasgam-se as velas já cansadas pelos rumos
Que o meu corpo segue,
Perdido e sem capitão que o leve.
Vagueando soltas, as ondas vacilam.
Gritam e choram a espuma do mar.
Provo-lhe o sal, sou areia…
Sou vento e pelo mundo vou a navegar.
Não tenho medidas nem força,
Nem orgulho nem coragem…
Tenho um mundo de partidas
Que me levam em viagem.
Vagueio em pleno mar, sempre calmo.
Sem guerra, sem desarmonia…
Sou chuva, água e pranto.
Sou a noite, sem luar e sempre fria.
Como um simples marinheiro que deixa a vida para trás,
Entrego-me à pobre madeira desta nau incerta
Na tentativa de alcançar um mundo
Que talvez não me pertença.
Abrem-se as portas das conquistas,
Fecham-se os caminhos e o velho do Restelo esmera-se a gritar:
“Quão ousada é a maré
Que, perdida na praia, se deixa a vaguear!
Quão desumana é a vitória
Nesta vida sem glória
Que vos dá a vós, humanos,
O profundo prazer de conquistar!”
Imagem Por, Carl Buntzen, “Segelschiffe vor Schloss Kronborg”
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