A noite de Natal cai branca, lá fora
Nos teus braços, olho pela janela,
Aguardo impacientemente a hora
Em que abrirás e serás o presente
Em que dirás sim ou não, do futuro
Provarás que és, em nós, crente
Fecho os olhos à procura de paz,
Inspiro fundo em abalo e submeto-me,
Ajoelhado, só peço que nunca vás:
«Sei que fui o homem com mais sorte,
Encontrar-te sem sequer saber o Norte…
Uma noite, visitado por um único mago,
Ainda hoje entregue ao primeiro afago…
Nas tuas mãos, não encontrei incenso
Mas foi-me oferecido um amor imenso…»
Emoldurada pelas estrelas de granizo,
Desvendas o olhar num belo segredo,
Sussurras as palavras cruzadas em riso:
«Ora aqui estás tu, tão meu
Um sonho que alguém criou
E nunca ninguém leu»
Em casa, ouve-se o tocar dos sinos
Levanto-me, puxo-te e, num beijo,
Selamos os nossos meios-destinos
A tua mãe ri-se, eufórica com o vinho:
«Olhem-me estes dois pombinhos,
A dar espetáculo debaixo do azevinho!»
Desfaz-se o beijo, rompe-se o abraço,
A noite de Natal cai branca, lá fora,
E, nos teus lábios, pendes o nosso laço
«Sei bem a razão por que assim sorris
Nem sabes o quão afável é dares-me
Esta noite, a minha noite mais feliz»
Por: Márcia Filipa ()
Imagem Por, Claude Monet, “Snow Scene at Argenteuil [Rue sous la neige, Argenteuil]” (National Gallery)
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