A cadeira em frente está vazia
A cadeira em frente está suja
ou será a minha que está suja, empoeirada e perdida algures no tempo,
ao meu lado, uma senhora cruza as pernas e abana o pé, de quando em vez, vai-me mirando
faço de conta que não noto – eventualmente desviará o olhar – assim o fez, creio que sim.
e aí, nesse momento – entre a dúvida e o desespero, a aflição ansiosa – devolvo o mirar.
nada mais se seguirá, perdi a vontade.
às mulheres
ao jogo
ao poema, por vezes. Assim se esquece a salvação.
mas amo a vida, por aí contínuo
essa proxeneta miserável – que de nós usa e abusa.
sobretudo nos momentos de paragem -aquele badalado, entre o passado e o próximo passo dado. – mas não se deixem enganar, reconheço ao que venho e aquilo que quero adquirir – material ou não. nem sempre, por vezes, demasiadas.
Em frente, uma saia demasiado curta, pernas morenas, vestido demasiado decotado.
perdi o foco.
o poema isso me leva a entender.
mas os momentos vazios também devem ser preenchidos e transcritos.
a bem da recordação,
pois lá tornaremos.
Quem sabe, uma vez mais, ou várias.
aí já sabendo como bem agir.
e foi isto,
poucamente o foi
lamento.
a poeira primeiro tem de assentar, logo trago a vassoura.
aí sim, verão onde pode chegar uma pessoa.
talvez a tudo, talvez a nada.
que a dúvida um dia se desfaça.
Imagem Por, Joaquín Sorolla y Bastida, “Joaquín” (Sorolla Museum)
Também Gostarás:
- Selfie de Poesia O poema é um sonho, uma flor que persiste...
- Saudade Inevitavelmente certo e destinado, um dia chegaria a vez, tão certeiro como 1+2 serem três, onde ninguém estaria preparado....
- Espelho que Acomoda Plasticidade do Corpo O espelho acomoda a plasticidade do meu corpo, Atribui à carne a sua ultima finalidade...
- Vou Deixar-te Apaixonei-me por ti e desapaixonei-me, pelas tuas atitudes, como me tratavas; não eras carinhoso, não como eu pensei...
Mais
Ode a Ti
Achavas que sabias amar, mas nem sempre te amaste. Confiaste em muitos, mas muitas vezes desconfiaste de ti.
Três Poemas de Amor, Loucura e Homens que Choram
No seio da loucura nós amamos e depois choramos, trazemos três poemas, pois, afinal somos homens e mulheres que choram, amam e enlouqueceram.
Valentim Sangrento
O nosso amor virou ódio, as flores já murcharam. Sangue nas nossas rosas, quatorze de fevereiro valentim sangrento.
Quatro Textos de Amor
Celebrando o belo sentimento do amor temos dois poemas escritos pelo Pedro Amaral e dois textos de prosa poetica escritos pela Carolina Cruz.
Esperei Por Ti
Do nascer do sol ao pôr do sol, eu esperei por ti. Como se fosse uma árvore que não saía do sítio. A diferença é que eu não florescia.
Sorrisos e Magias de Natal
Este natal entre embrulhos e brinquedos e a azáfama da tradição resta apenas um presente valorizar quem eu sou.