Conforto Desconfortável

Ando e chego a realização
De que nunca fui nada.
Sinto-me invisível como
Alguém que nunca existiu.

Hoje abrigo-me nos meus pensamentos,
Separo-me de tudo e sinto prazer
Nas mais pequenas afirmações.
Se tenho mais prazer em pensar
Do que em viver, será que vivi?
Ou fui apenas um cadáver que
Tenta encontrar conforto noutra realidade?

Olho-me no espelho e tudo isto parece-me falso,
Não acredito em nada do que digo,
Mas mesmo assim o digo.
Fazê-lo traz-me algum conforto,
Todos precisamos de algum conforto…

Imagem Por, Pablo Picasso, “Garçon à La Pipe [Boy with a Pipe]”