De longe, vejo uma porta aberta.
Está a chover intensamente.
Não tenho ninguém, estou sozinha!
Começo a correr.
A chuva embate nas minhas faces com intensidade.
Entro pela porta e fecho-a.
Está escuro lá dentro.
Tento encontrar o interruptor,
mas não o acho.
A chuva fustiga nas janelas.
Ouço barulho em todo o lado.
Procuro a porta mas não a encontro.
O desespero toma conta de mim.
Sinto os meus poros a abrir,
O meu sangue a fervilhar.
O meu coração está tão acelerado,
que dói com o seu bater.
Olho em redor não vejo nenhuma saída.
De repente ouço uma voz linda!
Vem do fundo da casa e parece que conheço.
Conheço pois.
Lembro-me desta voz desde sempre.
É ele! O meu moço!
Aquele que foi sempre meu!
Começo a andar em direção à voz,
Mas ela profere “Não venhas, minha mãe!”.
Com o ecoar da sua voz as minhas pernas estremecem.
Mas aproximo-me mais, ignorando o que diz.
Mas de repente, não mais que de repente a voz,
Repete de novo e choro.
Choro, pois é o meu moço que está ali,
e não quer o meu aconchego.
Caio de joelhos, deixando cair lágrimas de pesar.
Dói! Dói por dentro.
Mas será que poderá doer mais?
Por: Inês Pereira Fernandes (aluna da Escola Secundaria D. Maria II, Braga)
Imagem Por, Edvard Munch, “Ashes [Aske]” (National Gallery of Norway)
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