Tudo o que existe é outro ainda
Ou nada mais além
Mais segredo, mais silêncio
Mais longe do nosso astro
Onde só chega solstício.
Não chego a poder estar a ser apenas
Sabendo que estou num mundo a sobrenadar no universo que não imagino finito
A minha vida faz-se numa orbe esquecida no não-tempo disperso
Foi um imprevisto inútil que me deu biografia
Memória, movimento.
A natureza dedica-se a explicar o que é isto
(Tudo o que acontece é outro,
É outro pensamento, é outro signo.)
A natureza sonha e no mundo acontece.
O que se torna, foi sonhado
O que se efetua, foi sonhado
O que apareceu no mundo, foi pensado.
O mundo disse que tinha sido primeiro imaginado
Morri de vida ao perceber.
No sonho lúcido das minhas noites humanas
(quando acontece)
Se pretendo algo acontecer, penso
A vida no sonho é pouco intensa
É leve, todos voam quando estão acordados durante o sonho.
(Flutua-se nos sonhos lúcidos!)
De realidade macia, de seda
É-se de corpo elástico
De matérias flexíveis
Por isso, do topo das montanhas se vê o mundo, no sonho lúcido.
Pensando, a desejar ou não, aparece em forma aos nossos olhos.
É nivelado com o mundo dos acordados
Mas pensa-se mais, a realidade é mais condensada.
Se imagino, crio
Se imagino muito, concebo, produzo energia, atividade.
O sonho da natureza é eterno
É a vida dos humanos e dos outros no mundo
Tudo é outra coisa
A vida é o sonho lúcido da natureza
Os acontecimentos no mundo são os nossos pensamentos
E os nossos sonhos lúcidos são sonhos de outras naturezas de um mundo.
A natureza é sempre a mesma
O universo é sempre o mesmo
A vida é una, e sempre a mesma.
Tudo é outra coisa
E a soma de tudo é sem distinção.
O que se é para além da vida?
Os deste sítio dizem:
“Nada, só existe esta vida, só existe este mundo…”
E assim vivem, de morte em morte
De vida em vida…
Imagem Por, Odilon Redon, “Madame Arthur Fontaine (Marie Escudier, born 1865)“
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