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Ninguém nos ensina a lidar com as emoções; cabe a cada um de nós descobrir como o fazer e talvez seja por isso que achamos tão difícil e complicado decifrá-las.

Acredito que as emoções (especialmente as negativas) são mal compreendidas. Tal como nas emoções positivas, as emoções negativas dependem mais de como as encaramos. As emoções fazem parte de nós e ajudam-nos a tornar especiais. As emoções são reações internas, que acabam muitas das vezes por ser inatas – chegando consciente ou inconscientemente a ser vistas como respostas a uma determinada circunstância afetiva. Por sua parte, as reações internas acabam por estimular a pessoa para a ação, seja em comportamentos ou expressões. Chorar, por exemplo, é o primeiro comportamento humano estimulado por uma reação interna.

Grande parte das pessoas tem dificuldade em lidar com as emoções, pois, não compreendem a importância que as mesmas têm para o nosso funcionamento. Cada uma das emoções tem um papel importante para a nossa proteção, defesa, desenvolvimento pessoal/social, comunicação, autoconhecimento, saúde/bem-estar, entre outros. Em outras palavras, quanto pensamos no medo assustamo-nos, isto porque o medo mexe com o nosso estado de alerta, sendo então um mecanismo de defesa. Observamos algo semelhante na alegria, que juntamente a nos proporcionar um bem-estar, também nos permite comunicar com os outros e criar vínculos sociais.

A tristeza tende a ser a emoção menos aceite. É comum tentarmos abafar a tristeza colocando-a para baixo do tapete. No entanto, tal como a alegria, esta emoção tem de ser vivida e valorizada, o que nos leva ao autocuidado emocional.

Quando compreendemos, aceitamos e validamos as emoções que vivemos diariamente, começamos a acolher e amar a natureza do nosso psicológico. Isto não significa que temos de nos render à raiva ou à tristeza, mas sim faz-nos perguntar por que motivo olhamos para a tristeza/raiva como emoções más, visto que também nós podemos render à felicidade que pode também trazer vastas consequências? Tudo deve ser medido e vivido nas proporções certas, há que encontrar um equilíbrio. Ninguém vive uma vida plenamente feliz e sem tristeza, a felicidade não seria vivida nem apreciada como é; a felicidade passaria a ser algo banal e não seria vivida da forma como deveria ser.

O autocuidado emocional começa por aceitar que as emoções existem. Mas não devemos ficar por aqui, há ainda um mundo interno por explorar: perceber quais são os gatilhos principais que despertam certas emoções e como podes encontrar uma solução e passar a reagir de forma diferente. É fundamental regular e gerir a parte emocional. Esta regulação permite com que possamos decifrar quais são os gatilhos; perceber as emoções que estes  geram; os comportamentos que temos perante essas emoções, e; como podemos contorná-las tendo então reações diferentes perante aquelas situações. Isto claramente requer muito autoconhecimento e para sairmos bem sucedidos há que diariamente encarar as nossas emoções.

Tudo começa de dentro para fora e como comunicamos connosco dita muito sobre o nosso autocuidado e regulação emocional. Será que consegues perdoar-te como perdoas os outros? Será que consegues ter conversas de amor e carinho contigo mesmo? A autocompaixão e autoperdão são fundamentais dado que se não tivermos connosco uma relação emocional estável é pouco provável que consigamos a ter com os nossos pares.

Nem sempre é possível fazer tudo isto sozinho(a). E assumir que não conseguimos dar conta do recado sozinhos é também um grande passo para o nosso autocuidado. A psicoterapia pode então surgir como uma ferramenta importante para desenrolar todos os fios emocionais que temos na nossa cabeça.

Ano novo, mas emoções velhas. As emoções continuam as mesmas e só muda como nós pretendemos olhar para elas. Então, até porque viver num mundo de emoções é simplesmente viver, talvez temos de juntamente aos desejos de Feliz ano novo tirar algum tempo para dizer: Olá Emoções! Sejam Bem Vindas!!

Bárbara Fernandes

Licenciada e Psicóloga em formação

Imagem Por, Henri Matisse, “Dance [La Danse]

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