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Eu devia odiar-te, mas não consigo,
Estás em todas as partes da minha vida,
Estás nas cicatrizes nos meus braços.
O teu nome está gravado nas paredes do meu coração
Sempre que me começo a esquecer de ti
Ele bombardeia até ao meu cérebro sangue cheio de ti.

É tanto tu, tu, tu que tenho de falar
Antes que a minha cabeça exploda
E as nossas memórias fiquem espalhadas por toda a parte.
Falo de ti e falo e falo e falo
O espelho é o único que ainda aguenta ouvir-me.
Escrevo e escrevo e escrevo tanto
Que o teclado até encrava.

Vomito os doces que me deste
E toda a doçura que me fizeste sentir.
Quero voltar a beber aquele sumo
Que partilhei contigo, mas só se for da tua palhinha.

Quero encostar a minha cabeça no teu peito
Gritar e berrar e chorar até me doer a cabeça.
Dizer que te odeio e odiar-te porque eu odeio
Odeio amar-te e gosto de imaginar que faço isso
E que tu me abraças e me beijas a testa.
Dizes que nada disso importa
Que me amas e que está tudo bem.

Mas depois abro os olhos e tu não estás lá
O que está molhado é a minha almofada.
Ela ainda cheira a ti, talvez, talvez não
Talvez seja a minha cabeça a imaginar
Talvez seja o meu coração a querer-te de volta

O teu nome a sangrar nele e eu devia odiar-te.
Mas não te odeio, digo que faço
Mas não te odeio, nem um bocadinho
Nem agora, nem nunca e eu não te odeio.

Joana Sousa

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Imagem Por, Pablo Picasso, “The Lovers” (National Gallery of Art)

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