Eu ainda me lembro do teu rosto, naqueles momentos no teu quarto. A tua boca entreaberta e as tuas pupilas dilatadas, mal deixando o ligeiro tom acastanhado dos teus olhos escapar por entre a imensidão verde.
As tuas mãos seguravam-me com mais força, os dedos a marcar a minha pele enquanto me conduzias para o paraíso. Ali, eu era infinita. Nunca nua, sempre coberta de ti. E tu enchias-me a alma, tanto que eu sentia que podia explodir e o teu nome a escapar dos meus lábios eram o suficiente para te fazer desligar as luzes.
A tua respiração, o único som, e eu inspirava-a para ficar o mais perto de ti física e espiritualmente possível. E os teus toques eram duros e moles, leves e pesados e as tuas mãos pairavam em locais onde apenas a água havia pousado até então e era como estar despida ao sol, a ser queimada viva e a desfrutá-lo. Os nossos olhos eram como cadeados sem chave, para sempre presos um no outro e eu era infinita porque te tinha dentro de mim.
A beleza da vida não se comparava à beleza de ter-te, à beleza de ser tua. As cores pareciam mortas em contraste com o rubor da tua face, o oceano parecia vazio comparado ao suor que partilhávamos, o mundo era surdo se não ouvia o quando te pedia. Mais, mais, mais. E tu davas-me todos os mais que te pedia.
E ali, sentia-me infinita. Na tua t-shirt, nos teus braços, no paraíso.
Autor(a) do texto “O Que Sobra Depois do Adeus“
Imagem Por, Henri de Toulouse-Lautrec, “In bed – the kiss”
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