Acho que fomos ensinados desde a mais tenra idade que a felicidade deve ser tão grande e que tudo consome. Que é esse o momento que abre os nossos ossos e muda as nossas vidas e varre todo o peso dentro de nós… Que é algo que nos foi concedido, presenteado pelo mundo, que é algo que estamos sempre à busca até encontrá-la.
E assim, estamos sempre à espera. À espera desta experiência, desta simplificação na vida, deste momento ‘Aha!’ onde as feridas estão todas curadas e o crescimento está todo organizado dentro das nossas caixas torácicas e os nossos corações não têm mais medo de amar e o calor nunca vai embora.
Mas não acho que a felicidade seja grande ou infinita. Acho que a verdadeira felicidade, a verdadeira felicidade, existe na aceitação do fato de que sempre estaremos a equilibrar o que há de claro e de escuro dentro de nós. Acho que a verdadeira felicidade, a verdadeira felicidade, existe no silêncio. Nas pequenas coisas. Numa pequena chávena de café da manhã, ao som da voz da tua mãe do outro lado da linha. Acho que a verdadeira felicidade é acreditar que tu estás destinado a estar aqui, que estás destinado a ocupar espaço neste mundo. Acho que a verdadeira felicidade, a verdadeira felicidade, é encontrar os seres humanos que cuidam de ti não de uma forma materialista, mas sim, encontrar os seres humanos que cuidam da tua alma, que cuidam até das partes mais caóticas de quem tu és. Estás. Acho que a verdadeira felicidade está ao teu redor, o tempo todo, fixada e florescendo nas coisas nas quais tu paraste de prestar atenção porque estavas sempre à procura de mais. Flores na tua caminhada para o trabalho. A intensidade no ar quando tu conheces alguém e sabes que essa pessoa vai mudar a tua vida. A maneira como o teu estômago revira quando tu ouves a tua música favorita. A sensação dos cílios da tua pessoa quando eles piscam no teu pescoço quando tu a seguras.
E eu não acho que a felicidade é algo que tu encontras, ou que é esse destino onde tu chegas onde a noite nunca chega e tu és à prova de balas e não és afetado pelo caos. Acho que o caos sempre existirá – fomos literalmente feitos dele, nem estaríamos aqui se não fosse pelo choque e choque de átomos dentro deste Universo. Não, acho que a felicidade existe no entendimento de que a dor tem tanta importância quanto a beleza. Acho que a felicidade existe em encontrar as coisas que nos fazem sentir conhecidos, especiais e em paz neste mundo, não importa o quão pequenas ou insignificantes elas pareçam, e deixar que elas nos salvem. Acho que a felicidade existe em aprender a abraçar a escuridão, em aprender a vê-la como aquilo que nos faz apreciar a luz.
Imagem Por, Leonardo da Vinci, “Mona Lisa” (Louvre Museum)
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