Murcharam as rosas,
Só não murchou o meu amor por ti.
Pó de arroz nas faces,
Tentando esconder o rubor,
De quando me arde o peito
Quando atiças o meu amor.
Com as mãos trémulas no piano,
As mesmas que teus cabelos anseiam,
Toco uma melodia em alto tom
Para não ouvir o que vocês planeiam.
O meu melhor vestido, o de cetim,
Riscado, para que reparasses em mim,
Mas preferes o seu ar angelical,
A sua pele pálida e fria, tão banal.
Meu amor, a canção ainda me diz,
Que só eu te poderia fazer feliz,
Só eu te olho com paixão desmedida,
A minha cintura feita à tua medida.
Só a mulher do retrato me vê,
Observa a minha face enfurecida,
Enquanto lhe dás o teu amor,
Quando eu, por ti, daria a vida.
O teu olhar tenro de amor,
Os teus lábios em sua mão,
O desprezo na face dela,
A tristeza em meu coração.
Meu amor, só tu não vês a verdade,
Como sem ti morro de saudade,
A melodia sai-me tão desanimada,
Como essa mulher, quando é cortejada.
E ela inclina-se, em direção contrária à tua,
Não é preciso muito para saber que não te ama.
Amor, não me vires as costas, não me negues,
A mim, o prazer de te dizer sim e ser a tua dama.
Vocês os dois juntos, uma figura que desilude,
Uma mancha no quadro, não é arte, nem natural.
Tão contranatura, que as rosas murcham, apodrecem,
Queres o meu amor em outra, mas não encontras igual.
E ela desvia o olhar, envergonhada,
Rejeita o pedido de ser amada,
Por ti, tão belo e tão elegante –
As tuas flores comigo, amor galante.
Deixa-me dizer-te que sim,
Podemos fazer arte, tu em mim,
Não espaço para outro elemento,
Está completo o retrato e o momento.
Murcharam as rosas,
Só não murchou o meu amor por ti.
Imagem Por, Vittorio Reggianini, “The suitor”
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