Na triste madrugada, onde a vida estática
chora e sussurra ofegante,
onde o breu da noite se encerra em si mesmo,
o vermelho sanguíneo verte
pétalas de rosa venenosas
onde habita presa a luz
pelos grilhões da culpa
que se iniciam e encerram
no mesmo lugar onde o veneno respira
ardente e vivaz como o fogo.
Oh! Madrugada maldita que acordas
libertas a culpa da luz e a revestes de uma falsa e cómoda verdade.
Que durante o dia, tu ó luz, sofras mais atormentada com a culpa de uma falsa verdade
do que sofres na madrugada presa pela culpa da mentira.
A madrugada adormeceu.
A luz atormentada combustou com o veneno da rosa.
Morreu.
Morreu porque era necessário que morrese.
Morreu simplesmente por morrer.
A madrugada agora habita em outro coração tenebroso
que também irá morrer.
Margarida da Silva Carvalho
Redatora de Crítica, Sociedade e Cultura no ComUM. Autora do poema “Triste Madrugada” que foi cantado pelo Vitor Blue.
Imagem Por, Geneviève Daël, “Clair De Lune” (Jonathan Cooper)
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