A vida, amigos, é aborrecida. Não devemos dizê-lo.
Afinal, o céu brilha, o grande mar anseia,
nós próprios brilhamos e ansiamos,
e, além disso, a minha mãe dizia-me em miúdo
(repetidamente) “Nunca confessar que se está aborrecido
significa que não tens
recursos interiores”. Concluo agora que não tenho
recursos interiores, porque estou muito aborrecido.
As pessoas aborrecem-me,
a literatura aborrece-me, especialmente a grande literatura,
Henry aborrece-me, com os seus problemas e queixas
tão mau como Aquiles,
Quem ama pessoas e a arte valente, é o que me aborrece.
E as colinas tranquilas, e gin, parecem uma chatice
e de alguma forma um cão
levou a si e a sua cauda consideravelmente para longe
para as montanhas ou mar, ou céu, deixando
para trás: eu, abanar.
// Imagem Por, René Magritte, “The Art of Conversation”
Lê outro dos poemas de John Berryman, “Canção de Sonho 29“
Também Gostarás:
- Canção de Sonho 29, de John Berryman Sentou-se, uma vez, algo no coração do Henry tão pesado, se ele tivesse cem anos ele não poderia fazer o...
- O Nosso Universo Literário A fusão do universo digital com o universo literário tem aumentado o interesse dos jovens por livros...
- Um Sonho Perdido À noite, adormeciam, sob o céu estrelado. A infância ficava-lhes cravada na pele. A felicidade nos pequenos gestos...
- O Sonho Subitamente, o sol desapareceu e tudo foi coberto por um grande manto de nuvens negras...
Mais
Vai Até ao Limite da Tua Saudade, de Rainer Maria Rilke
Essas palavras nubladas, são: Enviado pelos teus sentidos, vai até ao limite da tua saudade; dá-me roupagens.
Não Acenando, Mas Afogando, de Stevie Smith
Ninguém o escutou, o homem morto, Mas ele continuava a lamentar-se. E não estava a acenar, mas a afogar-me.
O Caminho Não Escolhido, de Robert Frost
Dois caminhos se separavam em um bosque amarelo, e lamentando não poder seguir os dois muito tempo eu fiquei parado.
O Primeiro Beijo, de Tim Seibles
O beijo dela doeu assim — quero dizer, foi como se ela tivesse misturado o suor de um anjo com o sabor de uma tangerina.
Canção de Sonho 29, de John Berryman
Sentou-se, uma vez, algo no coração do Henry tão pesado, se ele tivesse cem anos ele não poderia fazer o bem
Cântico Negro, de José Régio
Vem por aqui – dizem-me alguns com olhos doces, estendendo-me os braços. De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem, vem por aqui!