Nunca me disseram que cada dia
Tem de ser vivido seja de que forma for,
Nem como criar uma existência
Por entre a alternância de alegria e dor.
Nunca me explicaram a rotina,
Nem como as representações que ela implica
Formam um rol de personagens que se replica
E adensa uma espessa neblina,
Entre a identidade idealizada
E a pessoa que se disfarça cansada.
Para tantos tempos e espaços múltiplas as faces
E cada vez maior a densidade dos disfarces,
Que acabo por ter saudades
De mim próprio.
Saudades…
Por vezes o desejo
De querer voltar atrás
Procura na memória um ensejo,
Para visitar a criança
Fixando o céu azul em paz,
Com um olhar de imaculada esperança.
Saudades de escolhas sem reverso,
Alheias ao olhar premente
Do futuro e do passado.
Saudades de um universo
Tão pequeno, mas tão imenso simultaneamente,
Tão livre dos julgamentos de certo e errado.
Saudades de ser dono do tempo,
Saudades de ser uma verdade simples…
Rúben Marques
Escritor. Autor do texto “Carta ao Futuro Eu“, “A Consciência da Noite” e “O Mundo Perdido”
Imagem Por, René Magritte, “Towards Pleasure [A la rencontre du plaisir]”
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