|| ◷ Tempo de leitura: < 1 Minuto ||

Nunca me disseram que cada dia
Tem de ser vivido seja de que forma for,
Nem como criar uma existência
Por entre a alternância de alegria e dor.
Nunca me explicaram a rotina,
Nem como as representações que ela implica
Formam um rol de personagens que se replica
E adensa uma espessa neblina,
Entre a identidade idealizada
E a pessoa que se disfarça cansada.
Para tantos tempos e espaços múltiplas as faces
E cada vez maior a densidade dos disfarces,
Que acabo por ter saudades
De mim próprio.

Saudades…
Por vezes o desejo
De querer voltar atrás
Procura na memória um ensejo,
Para visitar a criança
Fixando o céu azul em paz,
Com um olhar de imaculada esperança.
Saudades de escolhas sem reverso,
Alheias ao olhar premente
Do futuro e do passado.
Saudades de um universo
Tão pequeno, mas tão imenso simultaneamente,
Tão livre dos julgamentos de certo e errado.

Saudades de ser dono do tempo,
Saudades de ser uma verdade simples…

Rúben Marques

Escritor. Autor do texto “Carta ao Futuro Eu“, “A Consciência da Noite” e “O Mundo Perdido”

Imagem Por, René Magritte, “Towards Pleasure [A la rencontre du plaisir]”

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Imagem por René Magritte, “La Couseuse” que apresenta a terapia de esquemas Previous post Terapia de Esquema: Intervenção em Ciclos de Problemas Repetitivos
Fotografia do Rodrigo Antunes do Treino do Selecionador de Portugal (Roberto Martinez) que representa comunicação entre treinadores e atletas Next post Comunicação entre Treinador e Atleta No Mundo Atual do Desporto