Hoje o sol sorri.
Mesmo que chova!
Porque tudo depende da perspectiva, da maneira como encaramos as coisas e olhamos para a vida.
É cliché.
Mas os clichés também têm um fundamento e uma origem.
Sofri muito!
O que mede o sofrimento não é a quantidade de dor ou o número somado de situações adversas que se conseguiu suportar. A escala do sofrimento varia de pessoa para pessoa e, na verdade, não existe!
Não existe, porque não se mede. Não se pode medir o que depende da personalidade e da maneira de reagir de cada um.
Então, simplificando, sofri.
Sofri muito!
Culpei-me. Sacrifiquei-me. Martirizei-me. Perguntei-me vezes sem conta porque é que a felicidade não me atingia.
Até ao dia em que dei precisamente conta de que tinha tudo nas minhas mãos, à frente dos meus olhos, estampado no espelho, no reflexo que ele me devolvia…
Queria espaço para ser feliz. Mas não percebia que esse espaço só chegaria quando tivesse a coragem de deixar para trás tudo aquilo que já não tinha nada para me dar.
Foi quando percebi que eu não era eu…
Porque para ser eu, tinha de deixar de ser o que os outros queriam que eu fosse. Tinha de abrir a mochila onde está guardada toda a bagagem, boa e menos boa (hábitos, costumes, passado), e ter a coragem de fazer uma selecção.
Aí, sim!
Poderia e deveria olhar-me ao espelho e repetir:
― Não te percas de quem és!
E, como oração, acrescentar:
― Sonhar. Planear. Concretizar.
No fim, só me faltaria respirar fundo e simplesmente dizer:
― Está tudo bem!
Autora das obras, “Da Ponte P’ra Cá“, “Diamante do Sul” e “A Família Real“.
E escritora dos textos “Arrependimento“, “A Casa Vazia“, “Cálice da Loucura“, “Cartas“, “Conta-me” e “Vitoria“
Imagem Por, James Gleeson, “We inhabit the corrosive littoral of habit” (National Gallery of Victoria, Melbourne)
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2 thoughts on “Não Te Percas de Quem És”
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Muito bem elaborado e que me tocou profundamente! Uma escrita sentimental e inspiradora e, essencialmente, realista. Com reduzidas palavras, refleti sobre variadíssimos aspetos sobre a minha vida e a minha condição na mesma. Esperarei semelhantes textos como este, que tanto impacto terão na minha maneira de viver e no meu psicológico.
Muito obrigado José; a Nádia fez mais uma vez um trabalho excelente e é ótimo saber que as palavras dela tiveram um impacto em si!! O poder da literatura é mesmo imenso e ela pode realmente mudar a forma como vemos o mundo