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Eu era cego, e sempre tinha sido – nascera assim.

Desde o momento que o conheci que o meu peito estremeceu e a escuridão tornou-se  cor, melodia, aroma de rosa e mel.

Perdi os limites de mim mesmo, e percebi que o mundo era mais vasto que o meu  vazio.

Que afinal amar era bem mais infinito que o universo, que era imenso mesmo sendo  tão pequeno. Que podia voar, sorrir e até chorar, apenas por o amar. Que o medo tinha o sabor acre e tóxico, que era verde-esmeralda de te perder, e isso  era apenas um pesadelo que me acordava todas as noites e me mantinha sobe vigília,  de olhos abertos. Apagados.

Foi desde aquele momento que eu percebi que não éramos apenas corpos, feitos de  carne e osso, soltos no espaço. Éramos divinos, feitos de poeira galáctica, capazes de  tornar o impossível no possível, de ser luz mesmo estando nesta escuridão.  Éramos tudo e mais alguma coisa que ainda tínhamos a possibilidade de ser. Éramos a alquimia perfeita, de ouro, prata, bronze e cristal.

E mesmo que para mim fosses apenas a voz, um toque na tua pele, tu eras imenso.  Eras deus, eras a razão, a religião, a minha devoção.

E eu era cego, e sempre tinha sido – nascera assim.

Por: Filipe Santos (Escritor)


Imagem, Por, Gustav Klimt, “Blind Man [Der Blinde]”

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