|| ◷ Tempo de leitura: 16 Minutos ||

[Esta novela contem conteúdo pesado e que pode ser perturbador]


― Chegou uma carta para ti ― avisa a sua colega de casa, estendendo-lhe um envelope.

Filipa desvia os olhos da televisão e espreguiça-se no sofá. Pega na carta sem muito interesse: não costuma receber mais do que publicidade ou contas para pagar. Contudo, quando a abre e lê, sente-se como se o mundo abrisse um buraco debaixo dos seus pés, tirando-lhe o chão e sugando-a para dentro, deixando-a sem ar. Não consegue respirar.

― O que é que foi? ― pergunta a colega, preocupada. ― Ficaste pálida!

Com as mãos a tremer e a visão turva de lágrimas, Filipa amachuca a carta com força nas mãos.

― Nada, não é nada…

Tranca-se na casa de banho. O coração parece querer saltar-lhe do peito. Tira o telemóvel do bolso e, naquele momento de angústia, pensa em telefonar à mãe: mas o que lhe diria ela agora que pudesse mudar o que tinha dito há tantos anos atrás?

Lê mais uma vez a carta, agora amachucada, sem conseguir acreditar que aquilo possa ser verdade.

Segundo o que consta, o tio morreu e toda a sua fortuna foi deixada de herança para Filipa. O facto desse tio ser o mesmo que a violou no dia em que ela completou quinze anos é uma coincidência demasiado horrível e macabra para se processar.

Sem pensar, Filipa atira as roupas para o chão e entra na banheira. Com a água na temperatura máxima, esfrega todos os recantos da sua pele com ímpeto e violência, até a sentir arder. É como se, de súbito, sentisse novamente a repulsa angustiante que sentiu naquela noite; como se o cheiro e o suor do tio lhe estivessem novamente gravados na pele.

Não sabe ao certo como se sente por saber que ele morreu. A reação mais lógica seria sentir-se feliz: o homem que tanto a magoou já não está cá, está bem longe e jamais lhe poderá voltar a fazer mal. Porém, não é isso que sente: parece que se esvaziou de qualquer emoção, qual balão no qual alguém espeta um palito.

Não consegue concentrar-se em mais nada durante o resto do dia e só janta porque a sua colega, preocupada, lhe leva a comida ao quarto e a obriga a engolir o que conseguir. Antes de apagar as luzes para tentar dormir, sabendo que os pesadelos o tornarão impossível, escreve uma mensagem ao seu irmão Tomás para que tomem café no dia seguinte.

Envolta em escuridão, a tremer de medo e de frio, Filipa revê mentalmente o fatídico dia do seu aniversário de quinze anos. Por mais que tente, que feche os olhos com força e que crave as unhas nas palmas das mãos até as fazer sangrar, não consegue apagar essas imagens da sua cabeça. Não consegue esquecer. Afinal, foi o dia em que tudo acabou. Foi o dia em que Filipa perdeu tudo: a virgindade, a honra, a autoestima e, até, a sua própria família.

A mãe nunca acreditou nela e o pai ficou do lado do irmão, acusando a filha de ser perversa e mentirosa e de querer arruinar a família, deixando-os com má reputação. Dos seus três irmãos, apenas Tomás a apoiou e mostrou acreditar nas acusações feitas contra o tio. E, assim, foi o único que manteve um contacto regular e próximo com Filipa sem, contudo, se ter rebelado abertamente contra a posição dos restantes membros da família.

Tentando, em vão, combater as lágrimas que lhe ardiam nos olhos, Filipa recordou a sua alegria naquele aniversário: os pais tinham prometido oferecer-lhe um cão, o animal de estimação que ela andava a pedir desde pequena. Por isso, acordou cedo e andava aos saltos de entusiasmo, a correr pela casa e a espreitar em todos os cantos, para ver se a promessa dos pais tinha sido cumprida. Quando desceu ao rés do chão da casa, deu de caras com o tio sentado à mesa da cozinha e, sem hesitar, lançou-se nos seus braços e deu-lhe um beijo na bochecha.

― Bom dia, tio! Faço quinze anos!

O tio apertou-a contra si mais tempo do que o que seria normal, mas Filipa nem se apercebeu, tal era a sua alegria. Para além disso, confiava no tio de olhos fechados. Era o seu tio favorito e já tinha ido várias vezes passar alguns dias na sua quinta no Douro, nas férias do verão, onde ele a tratava como a filha que nunca tinha tido, levando-a a passear para todo o lado e enchendo-a de presentes e mimos.

― Muitos parabéns, Filipa. Queres abrir já a tua prenda?

Respondeu afirmativamente, deixando-se levar até ao quarto de hóspedes, onde ele estava instalado. Em cima da cama estava um embrulho enorme e colorido e Filipa sorriu de alegria e excitação. Todavia, antes de se poder aproximar para o abrir, o tio abraçou-a por trás e colocou-lhe as mãos nos seios.

Inicialmente, Filipa esboçou uma pequena gargalhada nervosa e surpreendida, sem nada fazer para se afastar; não entendia o que estava a acontecer e não sabia como devia reagir. Então, o tio beijou-lhe o pescoço e empurrou-a com violência para a cama. Aí Filipa começou a chorar, assustada, pedindo-lhe que parasse, mas o ele não deu provas de a ter ouvido. Esbracejou e debateu-se, mas o tio era bastante mais velho e mais forte do que ela. Ainda teve esperança de que os pais pudessem ouvi-la a chorar e que entrassem no quarto a qualquer momento, mas ninguém veio. Filipa chorou, suplicou e debateu-se o mais que pôde, mas foi em vão. Quando o tio terminou, afastou-se dela e ordenou-lhe que saísse do quarto, levando o presente consigo. Os seus modos e o seu tom de voz eram frios e rudes, como se Filipa fosse um incómodo e ele quisesse estar o mais longe dela possível.

Agora, como naquele dia, há tantos anos atrás, acendeu a luz, despiu-se e colocou-se em frente ao espelho: o que teria feito para provocar aquilo? Teria sido por ter crescido demasiado depressa e o seu corpo se ter desenvolvido cedo demais? Seria realmente perversa, como o pai a acusara de ser? Poderia ter realmente causado aquela situação de alguma forma, com algum olhar, alguma palavra, algum gesto indevido?

Não conseguiu contar de imediato à família o que se tinha passado. Justificou a má cara com que esteve na sua festa de aniversário com uma falsa dor de barriga, tremendo de medo de cada vez que o tio falava consigo ou olhava na sua direção. O presente que ele lhe deu foi prontamente escondido debaixo da cama, tal como todas as fotografias onde apareciam juntos nos álbuns de família. Talvez Filipa pensasse que ao apagar todos os vestígios dele daquela casa, ele pudesse realmente desaparecer e deixar de existir.

Contudo, na cabeça dela, manteve-se presente e constante durante todos aqueles anos, como uma carraça agarrada ao pêlo de um cão, sugando-o aos poucos, até o consumir por inteiro.

Quando finalmente reuniu coragem para contar à mãe, um ano depois, nem ela nem ninguém acreditou na sua palavra. Gritos, lágrimas e palavras azedas foram trocadas de parte a parte; o ambiente em casa tornou-se tão tenso que Filipa pegou nas suas poupanças e decidiu sair de casa, alugando um quarto na cidade. Desde esse dia, sentiu-se como se tivesse ficado de repente órfã, desprovida de um lar e de uma família com a qual pudesse contar. Só lhe valeu o Tomás, o seu irmão mais velho que, apesar de não ter cortado relações com a família como ela fizera, se mantivera fiel e próximo a ela, recusando-se a deixá-la sozinha.

Chega à pastelaria muito antes da hora combinada. Pede uma meia de leite e acende um cigarro atrás do outro, batendo com o pé no chão para espantar o nervosismo. Não sabe ao certo as informações que Tomás lhe pode dar ou se pode sequer ajudá-la, mas precisa de conversar com alguém; alguém que a compreenda e que acredite na sua palavra, sem a julgar ou colocar em causa.

― Então, mana? Já no vício?

Filipa esboça um meio sorriso, levantando-se para abraçar o irmão. O seu cheiro habitual a Old Spice fá-la ter saudades de casa, mas esforça-se para reprimir as lágrimas. Não pode chorar; ainda não.

Quando se afastam, o irmão observa-lhe o rosto com preocupação.

― Aconteceu alguma coisa?

Antes de responder, Filipa acende outro cigarro e pede café para os dois. Pensa em falar de banalidades, adiando o mais possível a conversa difícil que têm de ter. Podia, por exemplo, falar do calor que faz naquele dia; no entanto, a carta que recebeu parece queimar-lhe dentro do bolso e Filipa sente-se prestes a explodir.

― Sabias que o tio morreu? ― O olhar subitamente aflito de Tomás respondeu por ele. ― Porque não me disseste?

― Achei que não querias saber nada dele… Nunca mais tocaste no assunto, não quis chatear-te com isso. ― Coloca o açúcar no café e mexe com a colher, olhando para a irmã. Encolhe os ombros. ― Mas o que é que isso interessa? Não ficaste feliz por saber?

Filipa não responde. Leva a mão ao bolso e pousa a carta na mesa, tentando alisá-la com as pontas dos dedos.

― Não sei se estou feliz ou não. Só gostava de saber porque raios é que ele me deixou todo o seu dinheiro e também a quinta no Douro.

Tomás abre a boca de admiração, entornando um pouco de café na mesa. Pega na carta de rompante, lendo atentamente o que contém. Quando termina, olha para Filipa com os olhos arregalados.

― Mas que merda é esta?

― Também gostava de saber ― admite, pousando a testa nas mãos. Respira fundo, tentando acalmar a angústia que lhe invade o coração. ― Ele… ele fez-me o que fez… não nos falámos nem nos vimos estes anos todos. Eu cortei relações com a família toda! E ele morre e deixa tudo de herança para mim? Porquê?

Tomás olha em volta e Filipa percebe que falou demasiado alto. Sem conseguir conter-se mais, começa a chorar descontroladamente, arquejando e soluçando, como se se tivessem aberto as comportas dos seus olhos para deixar sair a tristeza de todo aquele tempo. O irmão estende-lhe a mão sobre a mesa, tentando acalmá-la.

― Não percebo… ― soluça, limpando as lágrimas às costas da mão. ― Eu não quero nada disto. Só quero esquecer.

Tomás paga os cafés e leva a irmã para o exterior, colocando-lhe um braço protetor em volta dos ombros. Nenhum dos dois fala; não há palavras que definam aquele sofrimento, o choque que aquela notícia representou para Filipa, qual bola de neve que arrasta consigo todas as recordações que achava bem enterradas.

― Vou para casa ― diz ela, com a voz rouca pelas lágrimas. ― Preciso de pensar.

Tomás agarra-a pelo braço. Leva a mão ao cabelo, parecendo subitamente envergonhado.

― Antes de ires, eu… ― respira fundo, desviando os olhos para o chão. ― Achas que me podias emprestar algum dinheiro? Eu estou completamente liso e parece que acabaste de receber uma boa quantia…

― Tu achas que eu vou mexer neste dinheiro? ― responde Filipa, em choque, afastando-se do toque do irmão. ― E como tens coragem de me pedir isso? Eu não pedi esta herança, não a quero! Não quero ter nada a ver com aquele monstro!

Tomás solta uma gargalhada de escárnio e o choque de Filipa intensifica-se.

― Como sempre, só estás a pensar em ti! ― acusa-a, praticamente cuspindo as palavras. ― Recebeste uma fortuna e vais deixar o dinheiro todo no banco só porque não queres ter nada a ver com o tio? Não pensas sequer em ajudar-me, sabendo que eu tenho dificuldades? ― Filipa ia falar, mas ele interrompeu-a com um gesto da mão. ― O que te aconteceu foi horrível, mas achas mesmo que isso te dá o direito de nos esqueceres? De viveres como se não tivesses família? Nem sequer foste ao funeral do pai!

Filipa sente as lágrimas a inundar-lhe novamente os olhos. Tomás sempre a apoiou, desde o momento em que ela decidiu contar à família o que o tio lhe tinha feito. Nunca lhe fez perguntas, nunca a colocou em causa, nunca permitiu que a chamassem de mentirosa na sua presença. Todavia, naquele momento Filipa compreendeu que até o apoio de um irmão, que antes lhe parecera incondicional e movido por amor, tinha um preço.

Respirando fundo, para reunir toda a sua coragem, responde numa voz calma:

― Este dinheiro não vai ser usado. Posso ajudar-te de outra forma, se quiseres, mas não me peças para usar o dinheiro de um homem que teve a coragem de violar a sobrinha de quinze anos. ― Tomás desvia o olhar. ― Quanto à nossa família, foi uma escolha que fiz para me proteger. Como te sentirias se as pessoas que mais amas no mundo ficassem do lado do monstro que te magoou?

Durante alguns minutos, nenhum deles fala. Filipa acende o último cigarro do maço e olha para o irmão.

― Vou falar com a mãe. Talvez não esteja certo continuar a fingir que sou órfã. ― Solta o fumo do tabaco e estende a mão, acariciando o ombro de Tomás. ― Mas não sei se a consigo perdoar.

Sem se dar a si própria tempo para pensar, para não poder mudar de ideias, entra no carro e conduz até casa dos pais. Não ia lá desde que tomou a decisão de sair de casa, há tantos anos atrás. Exceto Tomás, ninguém a tinha tentado impedir de sair por aquela porta; nunca ninguém a procurou ou telefonou, nem sequer no Natal ou nos aniversários. Era como se, para a família, Filipa tivesse deixado de existir por completo. E, para ela, era como se simplesmente não tivesse uma.

Ao chegar, estaciona, sentindo o coração bater-lhe com força contra o peito. Não precisa de bater à porta; ao ouvir o carro aproximar-se, a mãe foi à janela para ver quem era. O olhar que ambas trocam está carregado de tanto, de tantas emoções, palavras e questões. Nenhuma delas fala durante um período que parece uma eternidade. Por fim, a mãe abre a porta e faz-lhe sinal para que entre.

Filipa entra, sentindo-se uma estranha naquela que, em tempos, tinha sido também a sua casa. Crava as unhas nas palmas das mãos, como faz sempre que se sente ansiosa, e senta-se em frente à mãe no sofá.

― Eu vinha…

― Se vieste para falar daquele assunto, podes parar por aí ― interrompe ela, erguendo a mão no ar. Suspira, remexendo-se desconfortavelmente na poltrona. ― Realmente não percebo o que fazes aqui depois de tantos anos. Vens desculpar-te por teres estado ausente no funeral do teu pai?

Filipa baixa o rosto, encarando o tapete. Lágrimas quentes e gordas rolam-lhe pelas bochechas e caem-lhe nos sapatos. Sinceramente, não sabe bem que género de reação esperava que a mãe tivesse com a sua visita; contudo, não estava a contar ser recebida como se fosse um incómodo, um intruso indesejado.

― Quando lhe contei o que o tio me fez, o pai deu-me uma bofetada ― fala finalmente, com a voz enrouquecida pelo choro, erguendo o olhar para a mãe. ― Chamou-me de mentirosa e espalhou a palavra pela família toda, dizendo-lhes que eu era falsa e perigosa e que não deviam confiar em mim. Realmente esperavas que viesse ao funeral dele depois disso?

― O teu tio negou tudo, Filipa! Ele era o único irmão do teu pai e costumava ser o teu tio favorito! Estavas sempre a pedir para passar as férias com ele na quinta. Já te esqueceste? ― o rosto da mãe fica corado de raiva. ― Claro que não acreditámos numa única palavra do que disseste. O teu tio Joaquim era um homem bom e honesto, jamais te faria uma barbaridade dessas! Destruíste a nossa família, destruíste a vida e a saúde do teu pai. E para quê?

Filipa ergue-se do sofá, limpando as lágrimas à manga da camisola. Olha para o rosto da mãe uma vez mais, sabendo que, provavelmente, é a última vez que o vê. Anos de silêncio, distância e afastamento nada fizeram para atenuar o fosso criado entre elas e, apesar de tudo, a mãe continua a não acreditar na palavra dela, da sua filha: da que foi, um dia, a menina dos seus olhos.

Dá um passo em frente e, com cuidado, passa a ponta dos dedos pelo rosto da mãe. Depois, virando as costas, sai de casa e entra no carro sem olhar para trás.

O seu próximo destino já estava decidido quando se foi encontrar com Tomás naquela manhã. A viagem não ia ser longa e, depois do que ia fazer, Filipa estava certa de que se sentiria muito melhor.

Pelo menos, livrar-se-ia de alguns fantasmas.

Pouco mais de uma hora depois, estaciona o carro na entrada da quinta do tio, no alto de uma das margens do rio Douro. O portão enferrujado abre-se com facilidade e Filipa percorre o caminho de acesso à casa grande. O dia está bonito e, se a ocasião fosse outra, certamente teria parado para contemplar a paisagem e cheirar as flores; contudo, não há tempo para tal.

Dirige-se ao vaso de gérberas que se encontra no parapeito da janela da cozinha, onde o tio costuma esconder as chaves suplentes. Entra na casa bafienta e húmida, não se perdendo a contemplar as divisões: tem demasiadas recordações daquele local que gostaria de eliminar para sempre.

Abrindo o garrafão de gasolina que trouxe consigo, foi espalhando o líquido pelo rés-do-chão. Quando termina, regressa à sala e pega num embrulho grande e colorido, o mesmo que o tio lhe tinha entregue no dia em que lhe tirara tudo. Nunca o abriu, mas também nunca se desfez dele. Assim, tira o isqueiro que traz no bolso e pega fogo ao embrulho, depositando-o no chão encharcado.

Sai da casa a correr e só para quando chega ao carro. Minutos depois ouve uma explosão e avista as labaredas alaranjadas e enormes que consomem a casa por inteiro, alastrando-se pelas vinhas e pelo resto da quinta. Leva a mão ao bolso do casaco, onde ainda tem a carta amachucada, enrolando-a depois numa bola e atirando-a pela janela.

Ao conduzir para casa, com a música da rádio no volume baixo e o ar fresco do cair da noite a entrar pela janela aberta, Filipa ainda não sabe como se sente.

Todavia, uma coisa é certa: tinha acabado de matar um fantasma.

Ana Isabel Fonseca

Escritora e Autora das novelas “Em Branco” e “Cabeça, Tronco e Membros

Imagem Por, Edgar Degas, “Interior (The Rape)” (Philadelphia Museum of Art)

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