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Félix é filho único e tem 10 anos. Vive numa grande cidade, cheia de prédios de todas as alturas e feitios. Aos fins de semana gosta de ir passear no parque da cidade ou conhecer aldeias perdidas nas serras, de ouvir o chilrear dos passarinhos, observar as árvores, os rios e os lagos.

Depois de mais um ano letivo, chegaram as férias. Agora que tem tempo livre, quer um amigo especial para passear e que já o tinha pedido em outras ocasiões, mas os pais não consideraram oportuno.

Decidido a alcançar o seu objetivo, inicia os preparativos para receber o tão desejado amigo. Assim, constrói uma casinha com embalagens reutilizáveis de produtos que consomem no dia-a-dia. E, pouco a pouco foi dando forma ao seu propósito.

O dia da sua conclusão do seu projeto chegou e, teve a ideia de a iluminar, não fosse o seu amigo ter medo do escuro. Utilizou para o efeito as luzes LED da árvore de natal porque consomem pouca eletricidade. Sorriu ao ver o brilho que envolvia a “obra de arte” e tornou-a acolhedora usando para isso a sua antiga colcha, uma almofada e um boneco de peluche.

Entrou na casinha e sem que se apercebesse, começou a voar, voou, voou e aterrou numa floresta. Começou então a explorá-la, de modo a descobrir que local seria aquele e, quando olhou em volta, viu que tudo o que ele apreciava estava ali.

As árvores eram imensas, autóctones, ou seja, estava na presença de uma floresta tipicamente portuguesa, composta por uma grande variedade de árvores e arbustos! Algo que nunca tinha visto! Só ouvira falar que em outros tempos as florestas haviam sido daquela forma.

E, ficou ali a admirar tamanha beleza, ordenada com vista à prevenção de incêndios, com zonas abertas de pastagem entre as diferentes áreas de árvores, charcas de retenção, entre outros pormenores.

Viu que da montanha jorravam cascatas e por baixo de uma delas existia uma cavidade que lhe despertou a curiosidade. Queria arranjar forma de entrar, mas o dia estava a acabar e tinha que regressar.

Só então se apercebeu que não sabia como fazer tal proeza e, enquanto pensava, tropeçou num pedaço de berilo azul. A cor azul fê-lo sorrir novamente, tanta beleza! Assim que nela pegou, foi transportado até casa, altura em que ficou muito pensativo: “O que significa isto?, será que não foi um sonho?”

Para perceber o que seria aquela pedra, realizou uma pesquisa e, descobriu que um dos seus atributos é ensinar a fazer o que se necessita e desenvolver a coragem. Era portanto a pedra indicada para Félix, até porque ele queria regressar novamente à floresta e entrar na gruta.

Mais tarde e, utilizando o seu novo meio de transporte, o berilo e uma lanterna voltou à floresta. Ao longo do percurso até chegar à gruta, foi vendo vários animais de pequeno porte, no céu pairavam aves de rapina e percebeu que o ciclo de vida dos animais se realizava, logo, existiriam com toda a certeza animais de grande porte, o que o assustou um pouco. Teve a sensação que existiam todos os animais outrora dados como extintos e pensou que talvez se tratasse de uma arca de noé especial.

Entrou na gruta e ficou surpreendido com tamanho brilho. As paredes reluziam o que permitia perceber que a gruta continuava por vários percursos e galerias.

Na primeira galeria, encontrou pedra de jade que é considerada uma pedra protetora, traz boa sorte e amizade. Bem que Félix precisa desta pedra! Pegou num pedaço e levou-o consigo. Voltaria depois para explorar a gruta na sua totalidade.

Imaginem o que se passava com Félix. Estava a viver algo que julgava só acontecia nos livros de aventuras.

Depois de mais um dia com as emoções à flor da pele, adormeceu com as pedras na mão e pediu-lhes fervorosamente que o amigo que tanto anseia chegue rapidamente.

Ao aproximar-se mais um fim de semana, os pais comunicam-lhe que irão fazer voluntariado no canil da cidade. Estaria o berilo e a jade a trazer-lhe o que tanto queria?

Já no canil ficou admirado com a quantidade de animais aí existentes. Muitos haviam sido abandonados pelas suas famílias. Ao conhecer a realidade de muitos, ficou triste e só lhe apetecia levá-los a todos para casa. Mas, não era possível e lá continuou a ajudar nas tarefas, que são imensas!

Foram passear alguns cães e de repente apareceu um cachorro bebé que o seguia com o rabinho a “dar-a-dar”. Não era suposto o cachorro ir passear, mas a cuidadora do canil deu-lhe uma trela e ele lá o levou consigo.

O passeio foi muito prazeroso e Félix brincou imenso com os seus novos amigos. Já no canil, a cuidadora perguntou-lhe se ele se apercebeu que o cachorrinho o tinha escolhido. Ele ficou muito admirado com tal comentário e pediu mais explicações. Percebeu então que são os animais que nos escolhem enquanto família e, por norma, premeiam um dos elementos. Olhou de soslaio para os pais e acreditou que aquele seria o momento de receber o tão sonhado presente.

Depois de uma longa conversa com os pais e a cuidadora concluíram que seria uma boa experiência de vida para Félix. A sua vida transformou-se por completo. Agora tinha que levantar-se cedo para o ir passear, tinha que o educar de modo a ser limpinho! e o que isto implicava!

Na sequência desta conversa, Félix e alguns dos seus amigos visitaram várias vezes a floresta. Cada viagem constituí a descoberta de algo novo, tão maravilhoso!

Alguns dos que o acompanharam e que desejavam realizar um sonho, receberam a dádiva! Mas, outros não conseguiram o mesmo feito!

Ora, uma mente pensante como era a de Félix rapidamente concluiu que o berilo e, os pedidos não materiais, realizados com o coração, eram atendidos!

As viagens iriam continuar até à idade adulta de Félix que será um engenheiro florestal, irá viver para uma aldeia e oferecer ao Planeta uma nova oportunidade de renascer! Irá influenciar muitas pessoas! Muito se ouvirá falar de Félix!

Cláudia Cruz

Escritora e Autora do livro infantil “Amor D’ourado

Imagem Por, Francisco de Goya, “Boys picking fruit [Muchachos cogiendo fruta]” (Museo del Prado)

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