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Recorrentemente aparecem, em consulta, clientes com sintomatologia ansiógena (ansiedade) a solicitarem ajuda para uma melhor gestão emocional ao nível dos seus relacionamentos, especialmente, afetivos.

Atualmente, as perturbações de ansiedade são um problema de saúde pública, estimando-se, segundo a OMS, a presença de cerca de 31% de pessoas com alguma perturbação, em todo o mundo. Quando falamos de perturbações de saúde mental, falamos de uma problemática que atinge o indivíduo num todo, ou seja, ao nível biológico, psicológico e social, pelo qual a intervenção clínica na mesma, é essencial para o bem-estar físico e psicológico do ser humano.

No que concerne especificamente à ansiedade, falamos de medos e/ou preocupações excessivas, maioritariamente relacionadas com o futuro. No caso de uma pessoa que experiencie uma ansiedade intensa, entre vários outros aspetos, a vida social e, consequentemente as relações interpessoais e sociais, são afetadas de modo negativo.

Porquê?

Tudo começa na nossa infância e no modo como nos vinculamos (relacionamos) às pessoas que nos rodeiam. Por outras palavras, quando a criança não obtém uma sensação de segurança por parte dos seus cuidadores (geralmente os pais), ela vai aprender, por ela mesma, a procurar essa proximidade, que nem sempre é realizada da forma mais saudável. A teoria da vinculação tem sido uma das abordagens explicativas para o desenvolvimento e manutenção da ansiedade, pelo qual, e de acordo com Bowlby, é o resultado destas interações (laço afetivo entre criança e cuidador), que se criam diferentes tipos de vinculação e, consequentemente, influenciam o desenvolvimento emocional e social da pessoa.

Como saber se manifesto ansiedade nas minhas relações?

No caso de pessoas que sofrem com a ansiedade, e falo então, de uma vinculação ansiosa, geralmente elas apresentam uma visão de que, nos relacionamentos, devem adotar uma posição de agradar o outro, de estar sempre disponível para as necessidades do outro desprezando as suas próprias – fazendo com que haja também uma dificuldade em dizer não -, o confronto e conflito são também evitados ao máximo, e a insegurança e baixa autoconfiança são consequentemente características presentes.

Este padrão de relacionamento, geralmente advém do medo do abandono, havendo uma necessidade constante de confirmação e validação por parte do outro. O medo de perder e/ou desiludir, supera o seu amor-próprio, o que, evidentemente, gera ainda mais ansiedade e interfere nas relações sociais da pessoa.

O que fazer?

Antes de avançar com algumas estratégias, torna-se essencial ressalvar que a influência da ansiedade nas relações interpessoais e sociais, não só é desgastante e sofredor para a pessoa que padece de ansiedade patológica, como também para quem lida com a pessoa, pelo qual é fundamental procurar ajuda psicológica.

Um dos primeiros passos para aprender a gerir a ansiedade e desenvolver relações saudáveis, é começar por tomar consciência dos nossos comportamentos e atitudes. Compreender os nossos padrões de comportamento é a chave para poderes tomar uma atitude sobre eles e iniciar as mudanças necessárias.

Aprender a dizer não sem o sentimento de culpa. Afinal, as tuas necessidades são NECESSIDADES, pelo qual devem ser atendidas. Se as colocares sempre em segundo plano, estarás a aumentar a sua insegurança e a colocar o outro como mais importante na tua vida do que a ti próprio.

Não irás conseguir controlar tudo, então permite-te permanecer na incerteza. Costumo dizer aos meus clientes, “Se estás de consciência tranquila, então a interpretação do outro não é relevante”. Pessoas com ansiedade costumam ter uma intensa preocupação com aquilo que o outro pode pensar sobre si e nas relações com o outro, este é um fator que interfere negativamente.

Por último, e como já referi anteriormente, procurar ajuda psicológica. É na relação com o outro que a nossa vida ganha sentido. E quando estas relações não são saudáveis, as adversidades que ocorrem na vida da pessoa podem ser percecionadas de forma ainda mais desconfortável. A terapia revela aqui um papel predominante na identificação da problemática, para que nós possamos aprender a realizar uma gestão emocional saudável, através da identificação de crenças e padrões comportamentais, recorrendo a uma intervenção específica para nós.

Um psicólogo pode ajudá-lo a viver a melhor versão de si.

Lídia Lobo

Psicóloga Clínica

Imagem Por, David Hockney, “American Collectors, Fred and Marcia Weisman” (Art Institute of Chicago)

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