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Segundo a estimativa da OMS, 20% das crianças e adolescentes têm, pelo menos, uma perturbação mental”. Demonstrando a existência das perturbações nas crianças, esta informação faz com que uma intervenção seja relevante, necessária e urgente.

A psicologia infantil dedica-se à criança ao nível comportamental, emocional, social e familiar, respeitando as suas necessidades, envolvendo todos os agentes que fazem parte da sua vida, desde a família, à comunidade escolar, ao meio social e todos os outros envolvidos no seu dia a dia e que participem nos seus cuidados e bem-estar. Na área infantojuvenil, a psicologia pode atuar ao nível clínico e da saúde e também ao nível da educação e da parentalidade.

Na prática clínica com os mais novos, o psicólogo age como intermediário entre a necessidade que não é expressa e a questão que levou à procura de ajuda. O seu papel deve ser o de acolher as preocupações dos adultos e entender, através da observação, avaliação psicológica e, principalmente, com a relação estabelecida com a criança, aquilo em que é realmente necessário e mais urgente intervir.

O papel da psicologia infantil é alargado, tendo uma função interventiva, em casos urgentes, não urgentes e preventivos, através de um desenvolvimento pessoal ou, pelas ações em grupos ou na comunidade. Não existe uma idade certa para começar a frequentar as consultas, a questão está na forma como a consulta é feita. Ou seja, em idades mais precoces a intervenção incide no trabalho com pais e filhos em sessão, e em idades mais avançadas (por exemplo, a partir dos 4 anos) já é possível alternar entre apenas a criança em sessão (e em paralelo com a família) e o trabalho com todos em conjunto em sala de atendimento.

A terapia e psicologia infantil tem como finalidade o apoio na resolução dos problemas e/ou para a melhoria do seu potencial enquanto pessoa, contribuindo para o autoconhecimento, treino de competências específicas e, de forma alargada, para a melhoria na qualidade de vida.

A vantagem de procurar um psicólogo especialista nesta área é, acima de tudo, a de encontrar um profissional que saiba olhar e orientar para um caminho mais apoiado, com conhecimento sustentado na ciência e numa experiência que contribui para resoluções saudáveis, não danosas e considerando os pormenores de um público com tantas especificidades e que dependem de inúmeras variáveis. Por isso, a maior vantagem de procurar um psicólogo infantil é que irá encontrar um profissional com qualificações para estar à altura de o ajudar.

Mas tudo isto não é sem desafios, alguns dos vários desafios existentes são:

  • Compreenderem a real importância da psicologia desde cedo. São muitas vezes confundidas problemáticas (agressividade, oposição, tristeza, birras, ansiedade, por exemplo) com “má educação”, “preguiça”, “desinteresse”, “incompetência”, recorrendo a estes termos pouco realistas e pouco adequados e ignorando a importância de agir.
  • Manter a criança motivada e empenhada na sessão. Para contornar esse ponto, o psicólogo deve agir sempre com muita empatia, estar descontraído e usar uma linguagem adequada. Uma boa dose de criatividade é também extremamente relevante porque a criança pode ser imprevisível e obrigar a estratégias adaptadas para atingir o objetivo pretendido.
  • Envolvimento da família. Embora se possa ter o pressuposto de que a família está sempre pronta para ajudar as crianças, a verdade é que a realidade pode não corresponder a esta ideia, devido a fatores que impossibilitam um envolvimento ideal como, conflitos, condicionamentos profissionais e indisponibilidade pessoal para se envolver no processo terapêutico.
  • Empenho da comunidade escolar. Por limitações variadas, a comunidade escolar está, muitas vezes, pouco preparada para lidar com assuntos delicados e recorrer a estratégias reabilitadoras, levando-os a optar por decisões rápidas, estandardizadas e pouco eficientes.

É importante que a família e a criança saibam o que esperar do processo terapêutico e da consulta. É necessário descrevê-la como um espaço onde os mais jovens são as pessoas mais importantes do processo, onde este terá a oportunidade de se expressar sem julgamento e ao seu ritmo com um adulto em escuta ativa e empático com as suas experiências pessoais. É no processo terapêutico onde ele também irá conhecer-se cada vez mais através das suas autorreflexões e pelas estratégias trabalhadas.

Da consulta em si, podemos partilhar com os pais e a criança, que se realiza através de momentos lúdicos, como brincar, desenhar, jogar, contar histórias e através do diálogo. Claro que, quando estas informações são passadas também à criança, devemos usar um discurso adaptado à sua idade. Este cuidado em transmitir-lhe o funcionamento e o que é esperado, demonstra transparência, que potenciará a confiança em nós e a sensação de serem validadas enquanto pessoas importantes no processo.

É importante explicar ao adulto que ele também faz parte do processo para a recolha dos dados da história de vida e para fazer parte da mudança pretendida, reavaliando como participa na vida da criança e colaborando consoante as orientações e as estratégias pensadas em conjunto.

Em suma, a psicologia tem um papel fundamental no suporte e prevenção na área da saúde mental, através da possibilidade de avaliar, intervir, apoiar e dar estratégias específicas, ajudando assim a lidar com os diferentes desafios do crescimento e da vida de forma geral.

Nathalie Marques

Psicóloga

Imagem Por, Norman Rockwell, “When the Doctor Treats Your Child

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