O que é o Stress?
Todos nós sentimos stress no nosso dia a dia. Stress é um processo que ocorre quando enfrentamos algum perigo, desafio ou, até mesmo, quando estamos diante de uma situação que nos deixa muito entusiasmados (por exemplo, quando recebemos uma notícia muito boa ou quando aguardamos por uma festa que queremos muito ir). Assim, o stress é uma forma do nosso organismo lidar com situações que nos podem tirar o equilíbrio.
Quando sentimos stress, o nosso corpo sofre uma série de modificações que nos ajuda a entrar em ação. Desta forma, estamos preparados para tomar as providências necessárias, de forma rápida, para proteger a nossa integridade física e mental. Esta resposta dá-se a partir da produção de uma série de reações físicas, psicológicas, mentais e hormonais.
O que muitas pessoas não sabem é que o stress tem um lado positivo. Ele é essencial para ficarmos alertas ao perigo que podemos correr ou para nos prepararmos para enfrentar situações importantes, como uma entrevista de trabalho. Isso significa que o stress não é o vilão, mas sim essencial para nossa sobrevivência. No entanto, quando muito intenso e/ou crónico, pode ser prejudicial à saúde.
O Stress pode ter quatro fases:
- “Fase do alerta”: o stress inicia-se de forma benéfica no corpo. Substâncias como a adrenalina, são produzidas no nosso corpo assim que surge uma situação desafiadora, ameaçadora, nova e/ou empolgante. Essas substâncias têm como finalidade gerar força para enfrentar determinada situação. No entanto, as mesmas também geram uma quebra no nosso equilíbrio e despendem gasto emocional e físico.
- Se a situação persistir ou se não nos conseguirmos adaptar a ela, começamos a entrar na segunda fase do stress, chamada de “resistência”. Nela, o nosso corpo mantém os recursos e energia ativos para resistir, conseguir lidar e ser capaz de se recuperar do desgaste sofrido com a situação. Se o fator stressante deixa de existir ou a pessoa se consegue adaptar, o organismo volta ao seu funcionamento normal, ou seja, ao seu equilíbrio.
- Caso isso não aconteça, o processo evolui para a terceira fase de “quase exaustão”, podendo ocorrer o início de um processo de adoecimento. Nesse momento, devido ao grande desgaste do organismo, podem começar a surgir algumas doenças, mas a pessoa ainda consegue ser produtiva, como trabalhar e/ou estudar, por exemplo.
- Se o stressor se mantém e a pessoa não consegue lidar com ele, o stress pode passar para a última fase, chamada de “exaustão”. Nesta fase é exigido do organismo um gasto de energia maior do que ele pode suportar. O corpo e a mente ficam sobrecarregados e, assim, podem ocorrer sérios prejuízos à saúde, como doenças físicas ou perturbações psicológicas.
Além de lidarmos com eventos extremamente stressantes ou que colocam partes da nossa vida em algum risco, temos por vezes a sensação de que o stress tem sido maior e consideramos como algo característico da atualidade, no entanto, ele sempre existiu. O que muda a todo tempo são os fatores capazes de gerá-lo. Por isso, as estratégias de adaptação e de coping em casos de stress também precisam de estar sempre atualizadas para serem eficazes.
O que é a Ansiedade?
A ansiedade é um sistema de resposta cognitiva, afetiva, fisiológica e comportamental complexo ativado quando eventos ou circunstâncias antecipadas são consideradas altamente aversivas porque são percebidas como eventos imprevisíveis e incontroláveis que poderiam potencialmente ameaçar os interesses vitais de um indivíduo.
A ansiedade pode ser uma reação natural a situações aversivas, mas também pode ocorrer sem uma causa aparente.
Existem determinadas situações em que a ansiedade considerada normal é ultrapassada, ao que chamamos de ansiedade patológica. Uma característica comum nos casos de ansiedade patológica é a expectativa ansiosa, que é precisamente a sensação de que algo mau vai acontecer, mesmo que racionalmente o indivíduo saiba que não há nenhuma situação perigosa por vir.
Assim, a ansiedade também pode ser limitante, caracterizada por sentimentos excessivos e persistentes de apreensão, preocupação, tensão e nervosismo sobre situações que a maioria das pessoas enfrenta com pouca preocupação.
Qual a ligação entre eles e o impacto na saúde mental?
Stress e ansiedade são dois estados emocionais relacionados, mas distintos, que muitas vezes estão interligados e podem afetar a saúde mental e física de uma pessoa. Embora sejam diferentes, eles podem influenciar mutualmente e partilham algumas características semelhantes.
Quando o stress é crónico, este pode ter um impacto significativo na saúde mental, podendo desencadear ou agravar uma variedade de problemas psicológicos – nomeadamente, perturbações de ansiedade. Por exemplo, se uma pessoa enfrenta stress constante no trabalho, pode começar a sentir sintomas de ansiedade, como preocupação excessiva e tensão. Da mesma forma, a ansiedade persistente pode aumentar o nível de stress de uma pessoa, tornando-a mais suscetível a reações stressantes.
Outros impactos que o stress crónico pode ter são perturbações mentais como:
- Perturbações de ansiedade: como perturbação de ansiedade generalizada ou perturbação do pânico. O stress prolongado aumenta a ativação do sistema nervoso simpático, levando a sintomas de ansiedade.
- Depressão: A exposição contínua ao stress pode levar à diminuição dos níveis de neurotransmissores, como a serotonina, que desempenham um papel importante na regulação do humor. Isso pode levar a sintomas depressivos, como tristeza persistente, perda de interesse, baixa energia e alterações no apetite e sono.
- Síndrome de burnout: O stress crónico relacionado ao trabalho pode levar à síndrome de burnout. Esta condição é caracterizada pela exaustão física, emocional e sentimentos de ineficácia em relação ao trabalho, tendo impacto nele.
Exemplos comuns de como a ansiedade e stress prolongados afetam a nossa saúde mental:
- Problemas de sono
- Sensação de inquietação
- Irritabilidade e alterações de humor
- Dificuldades de concentração e memória
- Abuso de substâncias
- Fome emocional ou perda de apetite
- Tensão muscular
É importante reconhecer os sinais de stress e ansiedade excessivos e procurar estratégias eficazes para os gerir. Isso pode envolver (o/a):
- Desenvolvimento de hábitos saudáveis de autocuidado;
- Procura de apoio social;
- Prática de técnicas de relaxamento, e claro;
- Procura de ajuda profissional.
Imagem Por, Vincent van Gogh, “Sorrowing old man, At Eternity’s Gate” (Kröller-Müller Museum)
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