Os Comportamentos Autolesivos representam um problema de saúde pública mundialmente e podem ser definidos como atos sem intencionalidade suicida, mas que envolvem atos autolesivos intencionais (ex. automutilações, associadas a elevada ansiedade, tensão, raiva e zanga, contidas e tranquilizadas através do comportamento autolesivo) e comportamentos autolesivos com intencionalidade suicida. Estes comportamentos manifestam-se por:
- Automutilações: cortes em diferentes zonas do corpo, beliscões, perfurar e queimar a pele;
- Intoxicações/sobredosagem: ingerir uma substância ou objeto não ingeríveis (lixívia, detergente, lâminas ou pregos), ingerir fármacos em doses superiores ao recomendado, ingerir drogas ilícitas ou substâncias psicoativas como propósito autoagressivo;
- Comportamentos de desafio extremo: saltar de um local relativamente alto, por exemplo.
Os comportamentos autolesivos por norma têm início na adolescência, e na grande parte dos casos, mantêm-se por mais 10 ou 20 anos, envolvendo desta maneira prejuízos para a saúde física (problemas de digestão, cardíacos e metabólicos), mental (anorexia, depressão, cleptomania, depressão major) e maior vulnerabilidade a comportamentos de risco como abuso de álcool e drogas, problemas legais, heteroagressividade, condução perigosa e múltiplos parceiros sexuais.
As causas destes comportamentos passam pelos conflitos (intrapessoais, entre pares, com os pais e educadores), dificuldades em apresentar uma queixa ou problema psicológico, ter uma doença física e estar a passar por uma situação difícil.
Os jovens com pensamentos e comportamentos autolesivos manifestam frequentemente (um/a):
- Pensamento rígido e dicotómico;
- Autoconceito negativo, pessimista e inseguro;
- Falência das estratégias de resolução de problemas;
- Sentimentos de hostilidade, tristeza e desesperança sentidos como intoleráveis;
- Perceção de ausência de controlo sobre os seus próprios problemas e uma atitude de passividade.
Desta forma, os comportamentos autolesivos representam uma forma de expressar e lidar com a angústia, tensão, ansiedade e dor psicológica profundas. Estas podem, não ter uma intenção suicida presente e servirem de expressão da necessidade de mudança, funcionando frequentemente como auto-punição e alívio do mal-estar psicológico através da dor física. Estas conferem também uma sensação de controlo sobre si próprio, cumprindo as funções de regulação emocional e comunicação. Estes comportamentos devem sobretudo ser entendidos como um pedido de ajuda e uma expressão inequívoca do sofrimento.
Os Comportamentos Autolesivos são preditores de 40% dos suicídios e os indivíduos que os reproduzem apresentam 1.5x maior risco de morrerem por suicídio!
Imagem Por, Lucio Fontana, “Concetto spaziale. Attese”
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