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Sabe-se que os primeiros anos de vida de um ser humano são cruciais para a sua vivência futura enquanto adulto. A primeira infância é a base de tudo – imaginando a criança como sendo uma casa, se as estruturas e os alicerces estiverem bem sustentados conseguirá suportar tudo o que poderá surgir. É neste período que a sua personalidade vai sendo criada, partindo das suas vivências, sejam elas positivas ou negativas.

Durante este período, a criança tem a capacidade natural de aprender, experienciar, crescer e estabelecer relações saudáveis. As experiências e as relações estimulam o desenvolvimento infantil, criando milhões de conexões no cérebro – mais de 1 milhão de ligações neurais a cada segundo – que terão influência quer a nível intelectual e físico, quer a nível emocional.

A saúde e o desenvolvimento das crianças não se baseiam exclusivamente em fatores genéticos ou biológicos, mas são fortemente influenciados pelas condições sociais, económicas e ambientais em que nascem e crescem. Um ambiente saudável e acolhedor com relações calmas e seguras promovem o desenvolvimento cerebral e, consequentemente, a saúde mental e o bem-estar que a criança necessita ao longo da vida.

Desta forma, as experiências desfavoráveis durante este período – como a violência familiar, a negligência, o abuso, os maus-tratos e até a depressão dos pais – podem afetar negativamente a criança, pelo que influenciará fortemente a sua saúde mental nos anos posteriores da sua vida.

Tudo isto se explica devido ao facto do cérebro das crianças possuir uma grande plasticidade para se remodelar em função das experiências, e por essa razão, neste período a criança deve receber diferentes estímulos, como o brincar, o manipular objetos com diferentes texturas e cores, receber uma boa nutrição e ter interações sociais ricas.

Explicando o que significa plasticidade, a mesma refere-se à capacidade do cérebro ser moldado pela experiência. Tendo em conta que as experiências podem ser positivas ou negativas, isso significa que o cérebro se adapta a qualquer um destes dois lados. Assim, boas experiências podem levar a cérebros saudáveis e experiências negativas podem levar a cérebros menos saudáveis. À medida que o cérebro se desenvolve e amadurece, a sua sensibilidade à experiência muda. Um cérebro em desenvolvimento é mais dependente da experiência do que um cérebro adulto. Em neurobiologia, fala-se em períodos críticos do desenvolvimento do sistema nervoso central. Um período crítico é o tempo durante o qual um determinado comportamento é especialmente vulnerável às influências ambientais específicas para se desenvolver normalmente. Ou seja, tudo o que acontece na vida da criança durante este tempo acompanhá-la-á no futuro.

Posto isto, considera-se que um aperfeiçoamento dos primeiros anos de vida das crianças é o melhor investimento que toda a sociedade pode fazer para assegurar um futuro de sucesso. Porque, sem dúvida, o que ocorre na infância não fica na infância!

Raquel Brito

Psicóloga Júnior

Imagem Por, Diego Velázquez, “Las Meninas” (Museo del Prado)

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