Não me interessa o que tu fazes para sobreviver. Eu quero saber o que tu desejas, e se tu ousas sonhar em encontrar o desejo do teu coração. Não me interessa quantos anos tu tens. Quero saber se tu arriscas-te a fazer de louco por amor, pelo teu sonho, pela aventura de estar vivo. Não me interessa quais planetas estão em quadratura com a tua lua. Eu quero saber se tu já tocaste o centro da tua própria dor, se tu foste aberto pelas traições da vida ou se te tornaste murcho e fechado por medo de mais dor! Quero saber se tu podes te sentar com a dor, minha ou tua, sem te moveres para escondê-la, apagá-la ou corrigi-la, quero saber se tu podes ficar com a alegria, minha ou tua; se tu podes dançar com selvageria e deixar o êxtase preencher-te até às pontas dos dedos das mãos e dos pés, sem nos advertir para ter cuidado, ser realista ou lembrar as limitações de ser humano. Não me interessa se a história que tu me estás a contar é verdadeira. Quero saber se tu podes desapontar o outro para ser fiel a ti mesmo; se tu podes suportar a acusação de traição e não trair a tua própria alma. Eu quero saber se tu podes ser fiel e, portanto, confiável. Eu quero saber se tu podes ver a beleza mesmo quando não é bonita todos os dias, e se tu podes alimentar a tua vida na beira do lago e gritar para a prata da lua. Não me interessa onde tu moras ou quanto dinheiro tu tens. Quero saber se tu podes te levantar depois de uma noite de luto e desespero, cansado e magoado até aos ossos, e fazer o que precisa ser feito pelas crianças. Não me interessa quem tu conheces ou como vieste parar aqui. Eu quero saber se tu ficarás no centro do fogo comigo e não recuarás. Não me interessa onde ou com quem tu estudaste. Eu quero saber o que te sustenta por dentro quando tudo mais desmorona. Quero saber se tu consegues ficar sozinho contigo mesmo e se realmente gostas da companhia que guardas nos momentos de vazio…
Mariana Cruz
Estudante participante do Projeto Poesia & Prosa nas Escolas e Autora do artigo “Reflexão sobre a Felicidade“
Imagem Por, Tamara de Lempicka, “Autoportrait (Tamara in a Green Bugatti)”
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