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A Neuropsicologia pretende explorar a relação entre o funcionamento cerebral e o comportamento humano. Como tal também tem um papel fundamental no estudo de comportamentos impulsivos e na tomada de decisão.

O cérebro é composto por inúmeras ligações que recebem e enviam mensagens durante todo o dia. No entanto, há uma área designada que está altamente envolvida nos processos de regulação de comportamentos inibitórios. Esta área localiza-se nas regiões frontais do nosso cérebro e é denominada como córtex pré-frontal.

O córtex frontal tem o papel de regular as funções executivas, estas são como o ‘maestro’ do nosso cérebro e das quais fazem parte funções como regulação de comportamentos inibitórios, tomada de decisão, planeamento e flexibilidade de pensamentos. Quando existem alterações na área frontal pode existir um exacerbamento de comportamentos impulsivos e de tomada de decisão fora da norma para o indivíduo. Estes comportamentos são por vezes identificados por entes próximos e não pelo indivíduo em particular. Dificuldades ou alterações no comportamento inibitório lidam a uma maior impulsividade.

O estado emocional de um indivíduo pode também ter uma grande influência na tomada de decisão e nos comportamentos impulsivos. Normalmente estes comportamentos são derivados de fortes reações emocionais ou de uma intensa e súbita vontade que ultrapassa o raciocínio lógico. A não utilização da parte racional do cérebro para tomar decisões no dia a dia pode levar a uma falta de avaliação dos riscos e potenciais resultados de uma ação.

Compreender a relação entre o controlo inibitório e a tomada de decisão pode ajudar indivíduos a reconhecer e a gerir comportamentos impulsivos mais eficazmente. Estes comportamentos podem manifestar-se nas atividades de vida diária como aquisição de bens por impulsividade levando a um maior risco de dívida financeira, má gestão de tempo, mudanças de estratégias de ação repentinas, particularmente em contextos de trabalho que podem levar a ineficiência e dificuldade em terminar tarefas dentro do prazo estipulado, assim como dificuldades em fazer decisões saudáveis para a saúde do indivíduo e também dificuldades nos relacionamentos interpessoais, fazendo com que o indivíduo não tenha em conta as opiniões ou sentimentos dos outros. Por fim, a impulsividade pode afetar os processos de tomada de decisão em vários contextos. Tomar decisões sem ter em conta toda a informação disponível ou sem considerar outras opções pode levar a escolhas catastróficas.

É importante compreender também que comportamentos impulsivos ocasionais estão dentro da norma para todos os indivíduos. No entanto, se a impulsividade se torna no padrão normativo do indivíduo e consistentemente interfere no seu dia a dia ou constantemente lida a consequências negativas é importante considerar a procura de ajuda via uma avaliação neuropsicológica realizada pelo neuropsicólogo para procurar estratégias de gestão dos comportamentos impulsivos.

Joana Matos

Psicóloga Clínica e Neuropsicóloga

Imagem Por, Rene Magritte, “The Pilgrim”

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