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Vou pedir-te para pensares no nome das 5 pessoas mais importantes da tua vida. Já pensaste nelas?

Algum desses nomes é o teu? Provavelmente não, certo? Infelizmente há uma tendência para que as pessoas não se incluam neste exercício, colocando-se de fora quando se trata de se escolherem como uma das pessoas mais importantes da sua própria vida. Muitos se questionam: será sensato fazê-lo? Não será egoísmo? Ou um movimento narcísico? A resposta é não.

Cultivar uma autoestima saudável, isto é, percecionares-te e avaliares-te de forma positiva, é fundamental para uma boa saúde mental. É, no fundo, um ato de amor para contigo que, posteriormente, transbordará para a relação que estabeleces com os outros, pois, só amarás verdadeiramente o outro quando, em primeiro lugar, te amares e respeitares a ti.

A autoestima desenvolve-se ao longo do ciclo de vida

Em criança recolheste pistas que as pessoas à tua volta deram-te através das interações que estabeleceram contigo e entre si, que observaste, por forma a criar o teu sentido de identidade. Pensa comigo: como era a relação que establecias contigo e os teus pais? Eles elogiavam-te? Ou pelo contrário, tendiam a criticar, repreender-te pelos teus erros e desvalorizar as tuas conquistas? Dependendo das respostas que tiveres para estas questões, podes ter desenvolvido uma perceção de ti mais ou menos positiva. Mas não foi só através destas relações que formaste a tua avaliação de ti. Outras relações que estabeleceste também poderão ter contribuído: familiares, amigos, colegas, professores, educadores, etc.

A pouco e pouco, e conforme foste crescendo, estabeleceste crenças sobre ti, sobre os outros e sobre o mundo, que influenciam, hoje, como te percecionas e avalias.

No entanto, se não conseguiste desenvolver uma autoestima saudável na tua infância e adolescência, isso não significa que não mais terás autoestima. A autoestima não é uma característica estática, mas sim um caminho que vais, enquanto adulto, percorrer, de forma mais ou menos consciente. Diria que é uma jornada que nunca termina.

Se aquilo que, no passado, te ajudou a desenvolver uma perceção e avaliação de ti mais ou menos positiva foi, em parte, a relação que as pessoas à sua volta desenvolveram contigo, hoje precisarás de cultivar uma relação positiva contigo mesmo para poderes melhorar (ou manter, caso já seja positiva) essa mesma perceção e avaliação.

Pensemos juntos: o que define uma relação saudável? Possivelmente o conhecimento que temos da outra pessoa, o cuidado, a compaixão, o amor, companheirismo certo? É exatamente isso que terás de oferecer a ti mesmo para poderes melhorar a tua relação contigo mesmo – ou seja, a tua autoestima.

Estes são 3 conceitos que deverás implementar na tua vida para poderes desenvolver a tua autoestima:

  1. Autoconhecimento
    O primeiro passo para poderes valorizar-te é o de te conheceres. Só quando te conheceres verdadeiramente é que conseguirás compreender-te e apreciar-te. O autoconhecimento é o movimento de olhar para ti, para a(s) tua(s) história(s) e significá-la(s). É através do autoconhecimento que irás conseguir perceber como e onde desenvolveste a imagem que tens de ti e os passos que precisa de dar para te relacionares contigo mesmo de forma positiva.
  2. Autocompaixão: É importante, também, desenvolver a tua autocompaixão.

    Pensa comigo: como costumas falar contigo? Com gentileza e compaixão, ou tendes a ser demasiado duro para contigo? Consegues integrar os teus erros ou, pelo contrário, ficas preso a eles e não te consegues perdoar? Desenvolver a tua autocompaixão vai ajudar-te a olhar para ti com gentileza. Irá ajudar-te a integrar o erro como algo que faz parte da condição humana, impedindo que te definas por ele.

    Sugestão de exercício: quando deres por ti a ser demasiado crítico contigo por algo que possas ter feito, faz a ti mesmo a seguinte pergunta: “O que eu diria a um amigo querido que estivesse na mesma situação?”, provavelmente seria gentil e teria compaixão por ele certo? Experimenta, a seguir, dizer a ti mesmo as palavras de compaixão e gentiliza que dirias a ele e observa como te sentes após o fazeres.
  3. Autocuidado
    Para cultivar uma relação positiva contigo mesmo deverás aprender a cuidar de ti. Para isso é importante conheceres-te profundamente para saberes identificar o que te ajuda quando, por exemplo, está a atravessar um momento difícil. O autocuidado pode assumir vários formatos: físico (ex: uma caminhada na natureza), emocional (ex: fazer terapia), espiritual (ex: voluntariar-se na sua comunidade), social (ex: conversar com alguém especial), intelectual (ex: ler um livro) e prático (ex: organizar a casa). Definir, para ti, o que te ajuda a autorregular as tuas emoções contribuirá não só para te sentires mais confiante e seguro como também te ajudará a criar uma maior disponibilidade para te relacionares contigo e com os outros de forma positiva.

Como referido acima, a autoestima não é estática. Felizmente por meio de um investimento diário e consciente a tua autoestima pode ser melhorada. Ao fazê-lo irás experienciar uma melhoria significativa não só na sua qualidade de vida mas também na qualidade das relações que estabeleces com os outros. Investe em ti, prioriza-te e, ainda hoje, inicia a tua jornada para a autoestima.

Stéphanie Costa

Psicóloga Clínica

Imagem Por, Flo Meissner, “We’re All Going To Leave” (Website)

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