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A adolescência é crescer e descobrir como o fazer. Com menos ou mais amarras (dos pais, do contexto), toda a adolescência é o crescer. O crescer de uma identidade, de uma separação (autonomização) inevitável (dos pais) e de muitos caminhos e desejos a realizar.

É uma fase de grande transformação, entre a infância e a idade adulta, em que acontecem inúmeras mudanças biológicas e psicossociais. A puberdade, caracterizada pelas mudanças biológicas, inicia-se por volta dos 10-12 anos. A adolescência, normalmente congruente com o início da puberdade, apresenta as primeiras mudanças por volta dos 10-12 anos e prolonga-se até aos 17-19 anos, ainda que estas idades possam variar1Monteiro, P. (2014). Psicologia e Psiquiatria da Infância e da Adolescência. Lisboa: LIDEL.

Acontecem mudanças ao nível do/a(s) 2Monteiro, P. (2014). Psicologia e Psiquiatria da Infância e da Adolescência. Lisboa: LIDEL 3Fleming, M. (2005). Entre o Medo e o Desejo de Crescer: Psicologia da Adolescência. Porto: Edições Afrontamento.:

  • Desenvolvimento cognitivo, emocional e social
    A adolescência é uma fase propícia ao desenvolvimento de ideais e valores. Uma vez que o adolescente vai desenvolvendo a capacidade de pensar sobre si mesmo, sobre o que o rodeia, e vai ter uma maior capacidade de entender o ponto de vista dos outros e de resolver problemas. É, também, uma fase de grande expressividade emocional e de vivência de afetos junto do seio familiar e do grupo de pares.
  • Autonomia
    O adolescente procura progressivamente uma maior autonomia, iniciando-se uma passagem da dependência para a independência. Neste sentido, os pais e os cuidadores funcionam, progressivamente, como facilitadores do processo de autonomização e, consequentemente, do crescimento do adolescente.
  • Luto
    Luto pelo corpo infantil, isto é, pelas mudanças corporais e pela nova identidade enquanto adolescente e não criança.
  • Autoestima
    Dadas as rápidas alterações físicas e a necessidade de corresponder às expectativas do grupo de pares (colegas, amigos da mesma faixa etária) e da família, a autoestima do adolescente poderá ser algo vulnerável.
  • Relacionamentos interpessoais
    O adolescente tende a dar mais palco ao seu grupo de pares, do que aos pais. O grupo de pares permite a exploração de caminhos para a autonomização e, permitirá ao adolescente explorar e desafiar o seu mundo interpessoal. Para tal, também é necessário um ambiente familiar emocionalmente seguro, que satisfaça as necessidades emocionais, dê afeto e estimule essa partilha. Uma rede de suporte forte e um vínculo seguro com os seus cuidadores, permite ao adolescente a exploração do seu meio.
  • Construção da identidade
    A nossa identidade constrói-se desde a infância até a idade adulta. Tal como supramencionado, é na adolescência que o jovem abre o caminho para descobrir os seus ideais e vai respondendo a questões como “quem sou? O que quero? Para onde vou?”. Aqui, também, os pais e os amigos assumem igualmente papéis de destaque no desenvolvimento. O grupo de pares poderá influenciar o estilo de vida, os interesses, os gostos musicais, a linguagem, o estilo de vestuário, entre outros. Já a família poderá influenciar o adolescente nos seus ideais e valores morais, políticos e religiosos. As relações de namoro e as primeiras paixões são, também, importantes para a descoberta da identidade, a vivência dos afetos e da intimidade, e a descoberta da expressão e orientação sexual.

Cada adolescente viverá estas mudanças ao seu ritmo. Nem todas as adolescências são iguais, mas todas são transformação e crescimento.

Maura Melo

Psicóloga Clínica e Autora do artigo “Entre as Emoções e Sentimentos

Imagem Por, Christine Osinski, “Two Girls with Big Wheels”

Notas de rodapé

Notas de rodapé
1, 2 Monteiro, P. (2014). Psicologia e Psiquiatria da Infância e da Adolescência. Lisboa: LIDEL
3 Fleming, M. (2005). Entre o Medo e o Desejo de Crescer: Psicologia da Adolescência. Porto: Edições Afrontamento.

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