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As doenças do foro mental podem afetar inúmeras áreas da vida de quem as vive, entre elas, os relacionamentos. É possível que alguém com um quadro depressivo, prejudique a sua relação afetiva sem se aperceber. Em contrapartida, também é possível que uma relação afetiva disfuncional e desadaptativa seja um fator de risco para o desenvolvimento de uma depressão.

Considerando isto, há uma pergunta que se impõe:

Será que estou com uma depressão e isso está a prejudicar a minha relação ou será que a minha relação pode estar a desencadear uma depressão?

A depressão é uma doença mental que afeta milhares de pessoas no mundo inteiro e estima-se que cerca de três em cada dez portugueses já foram diagnosticados com a doença e seis já sentiram sinais da mesma num determinado momento da sua vida. Por esse motivo, podemos facilmente concluir que é provável que ao longo da vida nos possamos relacionar afetivamente com alguém que padece de depressão e/ou que nós próprios podemos enfrentá-la.

Este facto não nos deve assustar, mas motivar para a procura de conhecimento, ou seja, tendo em conta os números, cada um de nós deve procurar perceber em que consiste a doença e como ajudar alguém a superá-la. Com empatia, esforço e afeto acredito que é totalmente possível alguém com depressão amar outra pessoa e é possível amar alguém com depressão.

Neste momento qualquer um de nós pode estar a viver um quadro depressivo sem que se tenha apercebido e estar a associar parte dos sintomas à sua relação, culpabilizando-a.

Por outro lado, qualquer um de nós pode também estar numa relação disfuncional e estar a desenvolver uma depressão em consequência disso.

É possível que uma relação afetiva termine porque uma das partes não conseguiu ter consciência clara da doença e confundiu os sintomas com um desinteresse na relação.

De forma sucinta, os principais sintomas de depressão percebidos entre os casais e que muitas vezes podem ser interpretados de forma equivoca, são:

  • Cansaço excessivo
  • Falta de interesse em atividades antes prazerosas
  • Distúrbios de alimentação ou sono
  • Mudanças repentinas de humor
  • Isolamento
  • Alteração na dinâmica sexual

Estes sintomas são muitas vezes interpretados como desmotivação ou desencanto na relação, mas no fundo compõe um quadro depressivo.

Por esse motivo, desafio-o a pensar sobre si e sobre a sua relação de forma a concluir se as mudanças que ocorreram se devem à debilidade ou a uma possível depressão de algum dos elementos.

Para além disso, observe o seu parceiro e a mudança comportamental dele ao longo do tempo; converse com ele de forma aberta e acolhedora; não faça acusações ou afirmações precipitadas sobre o estado emocional dele e pergunte como se sente.

A comunicação é a chave para o sucesso de qualquer relação afetiva, mesmo perante um quadro depressivo.

Por outro lado, se está numa relação disfuncional, saiba que está exposto a um fator de risco e que este facto o pode levar ao desenvolvimento de uma doença mental.

Nenhuma relação deve ser mais importante do que o seu bem-estar e a sua saúde mental.

A depressão é uma doença e deve ser encarada como tal. Em alguns casos, a procura de ajuda profissional pode responder às suas dúvidas e fazer com que perceba o que está a ocorrer na sua relação afetiva.

Ana Rita Freitas

Psicóloga

Imagem Por, Edvard Munch, “Summer Evening” (Munch Museum)

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